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     04/05/2024            
 
 
    

Foi verificado em abril de 2012 um intenso desfolhamento de seringueiras, devido ao ataque de lagartas (ordem Lepidoptera), popularmente conhecidas como “taturanas”, “lagartas-de-fogo” ou “beiju-de-tapuru-de-seringueira”, em plantio comercial de seringueira, no Município de Bujari, Acre.

A seringueira (Hevea brasiliensis) é uma árvore de hábito ereto, podendo atingir até 30 metros de altura sob condições favoráveis de solo e clima. A produção de sementes se inicia aos quatro anos e, de cinco a sete anos (quando propagada por enxertia), a produção de látex. Tem como seu centro de origem a região Amazônica, nas margens de rios e lugares inundáveis de mata de terra firme, e ocorre preferencialmente em solos argilosos e férteis. Com a expansão da área plantada, principalmente em extensos monocultivos, os seringais passaram a sofrer com o ataque de ácaros e insetos-praga, sendo alguns desses últimos pertencentes à ordem Lepidoptera.

Lagartas do gênero Lonomia agrupadas no painel de sangria em seringueira

Os lepidópteros englobam as borboletas e mariposas que, na sua fase jovem (lagarta), têm hábito herbívoro e se alimentam, principalmente, de folhas, frutas, caule ou outras partes das plantas hospedeiras. Como exemplos de representantes dessa ordem, na cultura da seringueira, citam-se o mandarová, Erinnyis ello, a lagarta “pararama”, Premolis semirufa, e as “lagartas-de-fogo” das espécies Lonomia obliqua e Lonomia achelous. A lagarta “pararama” e as “lagartas-de-fogo” possuem cerdas urticantes recobrindo sua superfície dorsal que, quando tocadas, desencadeiam um processo hemorrágico, caracterizado por intensa dor, inflamação, queimação, edema e prurido no local afetado. Os acidentes com lepidópteros decorrem, principalmente, por atividades ocupacionais, desenvolvidas por seringueiros, agricultores, profissionais de limpeza urbana ou poda de árvores. Dessa forma, historicamente, essas lagartas urticantes são de importância médica, visto a extensa literatura publicada a respeito.

No entanto, é sabido que surtos populacionais de insetos podem ocorrer e causar perturbações no ecossistema ou agroecossistema onde habitam e suas causas são diversas, tais como: mudanças climáticas, uso intensivo de agrotóxicos e eliminação dos agentes de controle biológico (inimigos naturais). Em um seringal de cultivo não submetido à aplicação de agrotóxicos, ou outro tratamento que possa ter eliminado inimigos naturais, foi verificado um surto populacional de lagartas do gênero Lonomia, no Município de Bujari, AC. A área do seringal de cultivo possui aproximadamente 50 hectares e o plantio foi instalado em 1982, o qual, ainda hoje, é extraído o látex, comercializado no Acre, aumentando a renda e gerando mais emprego na fazenda.

Árvores de seringueira atacadas por lagartas desfolhadoras do gênero Lonomia

Foi verificado um intenso desfolhamento das seringueiras, causado pela alimentação das lagartas, preferencialmente, durante o período noturno. No momento da observação, as lagartas se encontravam agrupadas na parte baixa do tronco das árvores. Foram coletados alguns exemplares e trazidos até o Laboratório de Entomologia da Embrapa Acre, onde as lagartas foram identificadas como sendo pertencentes ao gênero Lonomia. Por meio de um caminhamento aleatório na área, foram analisadas 20 árvores, a fim de se avaliar a incidência e a severidade da desfolha, por meio de uma escala de notas (de 0% a 100% de desfolha). Todas as árvores avaliadas estavam atacadas e quase metade apresentou desfolha acima de 50%, o que compromete a atividade fotossintética das plantas, tornando-se necessário interromper a produção de látex até a recuperação máxima da folhagem da copa das árvores.

Como medida preventiva, tem sido planejado o monitoramento contínuo da população das mariposas com armadilhas luminosas, no intuito de prever o aumento e agir antes que chegue no nível de praga. Atualmente, não há produtos registrados no Ministério da Agricultura para o controle desse inseto em seringueira. O monitoramento de insetos em plantios florestais é essencial para prever e minimizar o ataque de pragas e, em certos casos, antecipar seus aumentos populacionais e planejar qual método de controle será utilizado. Os surtos populacionais de insetos podem ter consequências desastrosas, quando são detectados tardiamente ou sem um manejo adequado. Outro desdobramento, a partir da captura de indivíduos adultos de Lonomia na área atacada, será a identificação desse lepidóptero, ao nível de espécie. Essa informação contribuirá para aumentar o conhecimento acerca da diversidade da fauna de Lepidoptera e da distribuição geográfica dessa espécie no estado, permitindo estabelecer projetos de monitoramento e controle, para evitar acidentes com os seringueiros e surtos populacionais de lagartas desfolhadoras em seringais de cultivo.

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